A fé e o Atiçar
Sob sete palmos,
plantaram-se ossos,
que regados com lágrimas;
nasce um salgueiro
chorão que chora
numa terra
que outrora
viveu uma mangueira.
Crê na crença
do coitado que jaz,
que rodeado de negros,
sucumbe à cegueira.
Lacrimosamente,
após sete anos,
sob sete palmos;
Naquele solo infértil,
que também já foi rocha
mas que agora resuma água,
Nasceu uma nascente
De onde do túmulo
De um morto descrente,
mana água,
gota a gota,
insípida e salgada
da lápide pranteada
do Senhor Clemente Salgado.
2005 - Portugal
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